ALERGIA ALIMENTAR PODE SER GRAVE E FATAL
O QUE É IMPORTANTE SABER?
No programa Big Brother Brasil 2025 uma participante teve uma reação alérgica forte após ingerir um alimento numa festa do programa. Foi um susto para todos, mas, medicada a tempo, tudo ficou bem.
No ano passado um influencer morreu após ingerir propositalmente uma quantidade de camarão, ao qual sabia ser alérgico, para “dar fim à própria vida”. Este, teve uma reação anafilática gravíssima e não buscou socorro.
Por que essas reações acontecem? E de forma tão súbita e potencialmente tão grave? Por que tantas pessoas se tornam alérgicas aos alimentos? Por que certos alimentos estão mais envolvidos nessas reações do que outros? Vamos tentar esclarecer aqui.
TOLERÂNCIA IMUNOLÓGICA.
O corpo humano naturalmente reage a qualquer substância “estranha” que penetre o organismo. Essa á a principal função do sistema imunológico. Mas, como precisamos nos alimentar, com substâncias externas (proteínas, açúcares e gorduras, de plantas e animais), nosso intestino é dotado de um mecanismo especial, que promove uma “tolerância imunológica” aos alimentos, de forma que os nutrientes possam ser absorvidos e aproveitados pelo corpo, sem que provoquem uma reação de defesa ou alergia contra essas substâncias.
Porém, em algumas pessoas, essa tolerância ode falhar, em relação a algum alimento, que então é considerado “estranho” e incita uma resposta alérgica contra ele. Alguns alimentos têm características próprias (tipo de proteína) que mais facilmente podem incitar essas reações. É o caso de certos frutos do mar, sobretudo o camarão, de certas castanhas (nuts), além do leite, ovo, trigo, soja e amendoim.
Na maioria das vezes essa “quebra de tolerância” inicia-se na infância, associada uma imaturidade do sistema imune. E tende a desaparecer com o amadurecimento da criança, mas pode persistir a vida toda. Também pode surgir em qualquer idade, mesmo para alimentos já ingeridos previamente, embora de forma ocasional.
Não se sabe as causas dessa quebra de tolerância. Mas, a ingesta frequente e regular de um alimento, mantém a tolerância imunológica a ele.
REAÇÃO ANAFILÁTICA
As reações alérgicas mais frequentes, são aquelas chamadas de “mediadas por IgE. A IgE é a classe de anticorpos que intermedia as reações alérgicas. Essas, iniciam-se poucos minutos após a ingesta do alimento e podem ter graus variáveis: desde uma simples erupção cutânea, como a urticária (placas vermelhas que coçam muito), que pode evoluir com edema (inchaço) de boca, olhos e face, até o aparecimento de manifestações respiratórias associadas, como broncoespasmo, tosse e sufocação. Pode culminar com queda da pressão arterial (choque anafilático) ou edema da glote, que asfixia em poucos minutos.
A intensidade das reações é imprevisível, assim como a sua velocidade. Por isso, a simples administração de um antialérgico e/ ou corticóide, mesmo injetáveis, pode não ser suficiente: eles demoram 20 a 30 minutos para começar a atuar, e a reação pode se agravar em asfixia num tempo muito menor. Por isso é mandatório o uso de ADRENALINA, o quanto antes nas reações alérgicas mais intensas: ela age em 2 a 3 minutos e é a única capaz de reverter esses fenômenos graves.
Por esse motivo, todo paciente alérgico a alimentos deve portar sempre consigo (e saber usar) uma adrenalina auto-aplicável (EPIPEN ou similar). Por mais cuidadoso que seja, pode ingerir acidentalmente o alimento “oculto” numa preparação culinária qualquer.
COMO SE PROTEGER E COMO PREVENIR
Se um indivíduo tem uma reação alérgica a algum alimento, o 1º passo é procurar um médico especialista, um alergista, para confirmar qual ou quais alimentos são os responsáveis. Isso se faz por meio de uma boa anamnese (entrevista médica) e testes alérgicos. No sangue e na pele (prick-test).
Identificado o alimento, o alergo-imunologista irá orientar o paciente sobre formas de evitar a ingesta acidental, possíveis reações cruzadas (alimentos que têm proteínas semelhantes e podem também provocar reações), e fornecer um Plano de Ação, com os medicamentos e doses que devem ser usados em caso de nova reação, por ingesta acidental. Isso inclui a prescrição da Adrenalina auto-aplicável.
Por fim, esse paciente pode ser acompanhado e, em certos casos, ser submetido a procedimentos para dessensibilização ao alimento alergênico, dependendo das características de suas reações, do tipo de alimento e proteínas envolvidas, da idade do paciente e algumas outras variáveis.